Foi
diante da necessidade de capacitar os agricultores familiares da
comunidade de Gameleira, em Lages no Vale do Jiquiriçá, que
estudantes e professores do Campus Santa Inês realizaram uma
oficina. O treinamento ocorreu
em duas etapas, uma de cunho exploratório, para
compreender as especificidades da comunidade; e outra de caráter
prático na qual foram
transmitidas
instruções sobre o processamento de mandioca. Cerca
de 30 pessoas
participaram da oficina e
serão agentes
multiplicadores na
comunidade.
O coordenador da oficina, Clóvis do Santos, explica que a
iniciativa faz parte de um conjunto de ações que vem sendo
discutidas no Núcleo de Estudos em Questões Agrárias (NEQA), do
Campus Santa Inês,
que tem o propósito de realizar atividades de pesquisa e extensão
nos municípios do Território de Identidade do Vale do Jiquiriçá.
O NEQA é coordenado pela professora Aline dos Santos Lima e a
oficina também contou com o apoio e participação das professoras
Eliza Caldas Soares e Jeane Carla Oliveira.
Fomentadas
pelo Programa de Oficinas Comunitárias,
incentivada pela Pró-Reitoria de Extensão do IF Baiano, essas
iniciativas
são propostas pela comunidade acadêmica de acordo com as demandas
locais. As oficinas
tem um caráter prático de saber-fazer, são de curta duração e
visam colaborar para o desenvolvimento social e econômico das
comunidades. “Verificamos
que Laje é um dos 10 municípios baianos que, nos últimos 20 anos,
lidera a produção de mandioca no que se refere à área plantada,
colhida e produção”, afirmou Clóvis.
A
estudante do curso de Geografia, Ângela Calhau, resolveu participar
da oficina como monitora voluntária, pois percebeu o quanto há para
ser estudado na região e quanto esse conhecimento adquirido precisa
ser disseminado, contribuindo também para sua melhor formação
profissional. “Percebo que o contato com o homem do campo bem como
o retorno as origens, minha, de meus pais e avós, atrelada ao
conhecimento vivenciado na academia, certamente me faz uma futura
professora mais humana e uma cidadã que busca vivenciar justiça
social em minha rotina diária”, afirma.
Para
Carlos de Jesus, agricultor do Vale do Jequiriçá, da comunidade
Gameleira, participar da oficina foi uma forma de buscar conhecimento
para o desenvolvimento local. “Pensar em conjunto é importante
porque podemos trazer e fazer ações na comunidade. Os membros da
comunidade ficaram mais animados e perceberam que através da
associação podemos atingir nossos objetivos. Dessa vez, aprendemos
como somos importantes e o nosso papel em abastecer as cidades com
alimentos”, conclui.
Clóvis
aponta que, com o decorrer da oficina, novas demandas foram surgindo,
como a questão do acesso às terras no Vale, inovações
na cadeia produtiva da mandioca, fabricação de beijus e instruções
sobre produção de polpa de frutas. “A repercussão foi tão
positiva que até a Secretaria da Agricultura trouxe demandas, a
exemplo de cursos de formação sindical para jovens e de pesquisa
para identificação de comunidade quilombolas, haja vista que
existem áreas do município
que foram produtoras de café notadamente com mão
de obra escrava”.
Fotos: Angela Andrade Calhau e Claudia de Jesus Santos
Nenhum comentário:
Postar um comentário