O que dizer após quase trinta dias de
convivência com a comunidade do Instituto Federal Baiano (IF
Baiano)? Para Jean François, professor de matemática na Escola
Prática de Agricultura de Binguela (Epab) do país africano
República dos Camarões e tradutor do grupo, essa visita ao Brasil
trouxe de muito positivo a questão da prática das capacitações.
“No nosso país, a gente costuma ter muita teoria, mas não há
equipamentos adequados, às vezes até não há equipamentos para
praticar. A gente conseguiu fazer prática nas oficinas, nas roças...
Foi muito bom”, afirmou satisfeito.
Desse aprendizado mútuo, Armand
Belibi, professor de química, e Moise Onambele, professor de
engenharia de alimentos, afirmaram que, dos cursos de compostagem
realizados aqui no Brasil, pretendem levar para mudar
hábitos do povo que costumam usar venenos nas adubações químicas.
“Vamos mostrar, para eles, a compostagem para melhorar o rendimento
deles primeiro e também guardar o solo saudável”, destacaram. Os
professores também pontuaram sobre a metodologia em relação ao
estudante: “aqui é o aluno que está à frente de tudo, é o aluno
que está no meio, tudo está focalizado no aluno. No meu país, é o
contrário: é o professor que está à frente”, ressaltaram.
Para os profissionais da Epab, essa
troca entre as instituições é muito positiva, principalmente pela
troca de conhecimento e saberes. Eles comentaram que as semelhanças
entre o Brasil e Camarões em termos de florestas e ecossistemas, por
exemplo, facilitaram o trabalho. “Aqui, vimos algumas plantas
que são usadas em meu país como plantas medicinais e aqui não é o
caso. No meu país, a mesma planta faz alimentação do gado e a
fruta da planta é boa para curar algumas doenças. Eu acho que vamos
trabalhar muito com isso”, enfatizaram Armand e Moise.
Novos
aprendizados – Segundo Cinira
Fernandes, professora e coordenadora do curso
de agroecologia no
Campus
Uruçuca e coordenadora do Termo de Cooperação IF Baiano – Epab,
esse contato com os profissionais de Camarões tem sido muito
interessante, em especial pela semelhança da cultura, dos
costumes...“Toda vez que eu vou (em Camarões), digo que me sinto
em meu país: uma condição muito semelhante com nossa zona rural,
região de cacau, muita chuva, calor, as mesmas árvores, as mesmas
plantas”, comentou Cinira sobre as possibilidades de aprendizado
favorecidas com a Cooperação que ela acompanha desde 2011.
Cinira Fernandes, em entrevista à equipe Ascom/Reitoria |
Com
esse Termo, as visitas seguem programações ajustadas às
prioridades de cada equipe. A professora afirmou que, a programação
deste ano no Brasil foi montada na sua última visita à Epab. O
engenheiro de alimentos Moise Onambele, por exemplo, teve vivência
na fábrica do Campus
Uruçuca e visitou unidades de processamento da região; já o
químico Armand Belibi (também responsável pela parte de
agricultura na Escola) pôde vivenciar o campo na condução de
culturas, manejo de máquinas, manejo de criações. “Teve a
oportunidade deles vivenciarem uma necrópsia para tentar identificar
a causa da morte (do animal)”, pontuou Cinira.
De
todo o aprendizado, além do estudo do idioma francês desde 2011,
Fernandes comentou sobre a importância do contato dos estudantes do
IF Baiano com o grupo e o despertar do interesse deles por conhecer,
estudar e colaborar mais. “Há um outro mundo fora dos muros da
escola”, afirmou. Ela ressaltou também o quanto é interessante na
cultura deles o respeito aos mais velhos, à família e aos colegas,
a formalidade, o comprometimento e a responsabilidade com as pessoas
da sua aldeia e da sua comunidade.
Da esquerda para direita: Armand, Jean e Moise |
Nenhum comentário:
Postar um comentário