Doutor em Biologia
Vegetal, pela Universidade de Federal de Viçosa, professor Cláudio
Meira, do IF Baiano – Campus Guanambi, fala sobre a importância da
participação em eventos científicos. Ele vem desenvolvendo
pesquisas na área de botânica e educação ambiental, através do
Grupo de Pesquisas Estresse Ambientais e Meio Ambiente.
Nesta entrevista, Cláudio
também conta sobre sua participação no 8º International
Symposium on Irrigation of Horticultural Crops, que
aconteceu na Espanha.
Bem Baiano -
Qual é a importância desse
evento para a sua área? O que viu de mais interessante e curioso
entre as pesquisas apresentadas?
Cláudio
- O evento congrega pesquisas de ponta desenvolvidas em todo o
mundo. Todos os trabalhos voltados para minha área do conhecimento
(Estresses Ambientais em Plantas) foram interessantes, mas,
referencio alguns que particularmente me chamaram a atenção que foi
um trabalho desenvolvido no deserto do Sinai, em Israel, onde se
plantava e produzia frutas em uma área co precipitação de 100 mm
anuais e com o mínimo de fornecimento via irrigação ,visto a
carência de água e a necessidade de uso racional da mesma, modelo
que poderia ser testado no semiárido nordestino. Outro estudo
curioso estava voltado para a produção de uvas em regiões áridas
com aplicação de pequenas quantidades diárias de água via
irrigação na Califórnia, fato que poderia ser aplicado na região
do São Francisco, pensando no futuro do rio da Integração
Nacional.
Bem Baiano - Quais
projetos de pesquisa que
desenvolve? Em que momento da pesquisa está?
Cláudio - Além
de participar, lidero o Grupo de Pesquisa Estresses Ambientais e Meio
Ambiente. São desenvolvidos diferentes projetos voltados para o
estudo dos efeitos dos estresses ambientais antropogênicos nas
plantas, além de projetos de educação ambiental.
Bem Baiano - É
a sua primeira participação em um evento internacional? Se sim, o
que achou de mais interessante? Se não, o que esse evento em
particular agrega à sua formação e ao seu trabalho?
Cláudio - Já
participei de outros eventos antes. Além do conhecimento adquirido
com as palestras, troca de experiências com estudiosos de países
como Itália, Espanha, Portugal, Austrália, Tunísia, Egito, Omã,
foi possível perceber que nossa linha de trabalho não está
distante do que é trabalhada no mundo, não só em desenvolvimento
de pesquisa, mas também na forma como esta é pensada, o que é
muito importante para obtenção de respostas para questão tão
eminentes como a da falta de água e seu uso racional.
Bem Baiano - Foi
a primeira vez que você encaminha trabalho científico para esse
evento? Se sim, esperava ser selecionado? Por quê?
Cláudio - Sim,
foi a primeira vez que encaminhamos trabalhos científicos e
participamos deste evento. Dado o restrito número de trabalhos
selecionados em todo o mundo neste mesmo evento em outras ocasiões,
tínhamos esperança de que pelo menos um deles fosse aceito, mas,
para nossa surpresa os dois que enviamos foram selecionados sendo os
únicos trabalhos representando o Brasil e um dos 18 da América
Latina. Acreditamos que nossa pesquisa tem mérito e o que busca está
em consonância com a tendência mundial em relação às mudanças
climáticas e seus efeitos na agricultura.
Bem Baiano - Por
que acha que seu trabalho esteve entre os dois escolhidos no país? O
que sua pesquisa traz de destaque para a área e o meio científico?
Cláudio – A
pesquisa traz informações pouco estudadas sobre a fisiologia e a
fenologia de plantas de citrus em condições subtropicais expostas a
diferentes regimes de irrigação, além da qualidade pós-colheita
dos frutos, servindo de parâmetro para o uso racional da água e
indicando o momento ideal para irrigar as plantas, sem perdas na
produção de frutos comercialmente aceitáveis além de promover o
uso racional da água.
Bem
Baiano - Sua
pesquisa já foi publicada em periódicos científicos? Quais?
Cláudio - Depois
de mais de um ano de pesquisas realizadas através de um
pós-doutorado em parceria com a Universidade Federal de Pelotas e
apoio do IFBaiano – Campus Guanambi, foi possível submeter
dois artigos “Irrigation with controlled water stress and its
effects on physiology and phenology of ‘Navelate’ orange” e
“Water availability effect on gas exchange and on phenology of
‘Cabula’ orangel” que foram aceitos para publicação na
revista Acta Horticulturae. Dando continuidade aos trabalhos
desenvolvidos, publicaremos, até o final deste ano, mais dois
trabalhos em revistas.
Bem Baiano -
Por que é importante para
os pesquisadores do Instituto participarem de eventos científicos?
Especialmente os internacionais? O que isso agrega à formação do
pesquisador? O que contribui para o desenvolvimento da Pesquisa no
Instituto?
Cláudio - A
participação em eventos nacionais e internacionais deve ser
estimulada, pois representa uma oportunidade de interação com
outros pesquisadores, além de possibilitar o aprimoramento do
conhecimento, divulgamos o trabalho que realizamos e divulgamos
também o nome da instituição que trabalhamos. Também serve para
troca de conhecimentos e avaliações dos trabalhos desenvolvidos em
outros locais, servindo de base para verificação das atividades
desenvolvidas e atualização dos conhecimentos que serão usados em
novas pesquisas e nas aulas dos componentes que trabalhamos.
Bem Baiano –
Como as ações de pesquisa tem se
desenvolvido para melhoria dos arranjos produtivos locais?
Cláudio - Estamos
desenvolvendo pesquisas com espécies nativas da Caatinga e exóticas
comuns da região, onde buscamos conhecer e quebrar a dormência das
sementes, desenvolvendo métodos que promovam um melhor
estabelecimento destas espécies no campo e promovam o repovoamento
de áreas desprovidas de vegetação. Além da pesquisa, realizamos
também trabalhos de educação ambiental, no Campus Guanambi, além
da distribuição das mudas produzidas aos funcionários e estudantes
do que difundem as essências florestais em diferentes localidades da
região.
Foto: Arquivo do
professor Cláudio Meira
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