Fórum Mundial Educação Tecnológica Profissional em Recife
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Assim, em entrevista à
equipe do Bem Baiano, a pró-reitora conta um pouco sobre as ações
e as atividades de 2015 e o impacto dessas neste ano em exercício.
Bem Baiano – O
que foi mais desafiador em 2015?
Rita
Garcia - Tentar
encontrar uma identidade para a Proex, buscar um referencial. Hoje,
trabalha-se mais com projetos, buscando uma maior aproximação com
as comunidades tradicionais e os agricultores(as) camponeses, o que
apresenta uma estreita relação com os pressupostos de uma concepção
de extensão dialógica, promovendo o trabalho útil e com
significados para os sujeitos envolvidos. Tenta-se superar a
compreensão de uma extensão assistencialista e difusora que
significa basicamente estender as atividades de ensino e resultados
de pesquisas à comunidade.
O trabalho extensionista
será sempre desafiador por envolver elementos ainda não claros para
todos do ponto de vista de sua aplicabilidade e, principalmente, por
depender de uma ação coletiva construída por atores diversos
(servidores, estudantes, comunidade, técnicos, líderes de
movimentos sociais). Como todo o trabalho acadêmico, a realização
das diversas ações deverá ter suporte em metodologias
participativas, avaliação, sistematização da experiência e
produção de um material.
Bem Baiano –
Principais projetos?
Rita
Garcia - O Projeto Euclides Neto, em parceria com INCRA –Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, parte de uma
demanda dos assentados e é uma proposta de extensão inovadora que
une a elevação de escolaridade e a assistência técnica por meio
do Programa de Educação na Reforma Agrária (Pronera) e da
Assessoria Técnica e Extensão Rural (Ater) e encontra-se sob
análise da viabilidade técnica e operacional.
O Projeto “No chão
do AGRES-SER-TÃO: agreste e sertão no ensino técnico para
fortalecimento agricultura familiar camponesa” tem por objetivo
ofertar curso técnico em agropecuária para jovens e adultos dos
assentamentos de comunidades quilombolas e de fundos de pastos. O
processo de seleção dos estudantes e professores está previsto
para acontecer nos primeiros meses do ano de 2016. A implantação
dessa
ação fortalece as propostas da educação do campo e valorizando as
pessoas que resistem a viver do campo.
O
Projeto Cultura e Arte tem
tido uma boa aceitação. A ideia de realizar uma Mostra como
primeira atividade cultural partiu de uma comissão formada por
servidores da área de artes. Para o segundo ano do projeto, está
previsto, além da possibilidade da Mostra, outras ações no
percorrer do ano letivo e a construção de espaços formativos. De
uma maneira geral, as propostas contemplam as expressões artísticas
populares, indígenas, afro-brasileiras e
de outros grupos que compõem a diversidade cultural e possuem
interlocução com o Território.
“Pretende-se com o
projeto (Euclides Neto) atender a missão do Instituto em promover o
desenvolvimento do Território onde está inserido e ocupar vagas com
estudantes que tenham vínculo com o campo e o mundo rural,
especialmente com a agricultura familiar camponesa, o que poderá
reduz a evasão escolar bem como fazer melhor uso dos recursos
públicos”
- Rita Garcia,
pró-reitora de extensão-
Bem
Baiano – Outras
ações da Extensão?
Rita
Garcia - A Propes – Pró-Reitoria de Pesquisa e
Inovação e Proex têm retomado as discussões do NEA do IF Baiano,
pensando em contribuir com a construção e a socialização de
conhecimentos que dialogam com a transição agroecológica.
Os motivos que
justificam a reestruturação são as ações que já vêm
sendo desenvolvidas nos campi.
Temos projetos de interesse dos povos das
comunidades
tradicionais e dos
agricultores(as) familiares campesinos(as), que são os sujeitos da
agroecologia; as temáticas dos editais (soberania alimentar,
tecnologias sociais, economia solidária, educação do campo) se
aproximam da transição agroecológica e valorizam os arranjos
produtivos, sociais e culturais dos territórios.
Palestra
sobre araruta em Jiquiriçá, Santa Inês
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Hoje, por meio de
manifestação espontânea sugerida por uma consulta, temos pessoas
interessadas em participar dessa construção e um representante de
cada campus. Houve uma reunião em Euclides da Cunha quando o
grupo estabeleceu algumas ações a serem executadas que envolvem
capacitação, troca de experiência e intercâmbio bem como repensar
ações e definir procedimentos para efetivar o Núcleo como um
projeto de abrangência institucional.
Bem
Baiano – E
a participação discente nos projetos de extensão?
Rita
Garcia – Os
impactos de quaisquer atividades de extensão junto aos segmentos
sociais são difíceis de mensurar por envolver elementos muito
subjetivos. Por ser uma ação política, os resultados de um projeto
de extensão podem surgir depois de certo tempo, cinco ou dez anos
após. Contudo, o contato com a realidade a ponto dos estudantes e
dos servidores impregnarem-se com nela pode ampliar a visão de mundo
dos indivíduos e redirecionar suas ações acadêmicas e
profissionais para espaços antes impensados.
Com
isso, ganha a Pesquisa que será aplicada, atendendo a demandas reais
e ganha o Ensino na medida em que permite a construção ou a
(re)construção do conhecimento. Com o conhecimento local, a
Extensão também funciona como uma ferramenta de gestão na medida
em que possibilita realizar alterações nos PPCs – Projetos
Pedagógicos de Cursos, programar novos cursos e divulgar o Instituto
para as comunidades tradicionais e rurais mais distantes.
Hoje,
trabalhamos com número de projetos ainda não suficiente, mas com
valor de recurso financeiro por projeto razoável (projetos com mais
de 12 meses a exemplo da agricultura familiar e de inclusão digital;
projetos culturais, que apesar de ser um único projeto por campus,
podem
abranger toda a comunidade interna e ainda as exposições são
abertas ao público externo). Nas equipes executoras dos projetos,
além dos estudantes bolsistas e voluntários, têm egressos e
pessoas da comunidade externa.
Bem
Baiano – Expectativa?
Rita
Garcia - Com
a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024), chega
a hora do Instituto discutir os caminhos e as possibilidades da
Curricularização da Extensão do Ensino Superior. O documento
prevê, no mínimo, 10% de atividade de Extensão em programas e
projetos. O atendimento dessa meta dependerá de uma ampla discussão
com a comunidade, podendo contabilizar ações nos componentes
projeto integrador e atividades extracurriculares. Nessa
perspectiva, a reestruturação do NEA, a implantação dos cursos
pelo Pronera e os demais projetos funcionarão também como um
laboratório, um cenário para efetivação das ações de extensão.
Esperançamos
que a Extensão do IF Baiano cumpra sua função de formar estudantes
críticos, criativos, conscientes e situados no atual contexto social
ao tempo em que as comunidades possam, por meio do diálogo e da
partilha de experiência, encontrar meios que implementem ações
coletivas, promovendo a emancipação e o empoderamento.
Visita
da equipe Euclides Neto a EFA Monte Santos
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-
Rita Garcia, pró-reitora de extensão-
Saiba mais:
Projeto Euclides
Neto
Beneficiados: 213
assentamentos (Territórios de identidade - Litoral Sul, Baixo Sul,
Costa do Descobrimento, Extremo Sul, Sisal, Vale do Jiquiriçá,
Piemonte do Paraguaçu e Chapada Diamantina).
Oferta: 600 vagas
(50% das vagas para cursos técnicos de nível médio e a outra
metade para cursos subsequentes e superiores, que incluem tecnólogo,
especialização e mestrado profissional, distribuídas nos cursos
(agroindústria, meio ambiente, florestas, agrimensura, agroecologia,
gestão de cooperativa, planejamento territorial, extensão rural e
cooperativismo e tecnologia social).
Projetos de cursos:
baseados nas Diretrizes da Educação do Campo com inclusão da
Pedagogia da Alternância e do Trabalho como princípio formativo.
Projeto “No
chão do AGRES-SER-TÃO: agreste e sertão no ensino técnico para
fortalecimento agricultura familiar camponesa”
Oferta:
120 vagas no curso técnico em agropecuária para
jovens e adultos dos assentamentos de comunidades quilombolas e de
fundos de pastos nos Territórios do Sisal, Litoral Norte, Semiárido
Nordeste II e Piemonte da Diamantina.
Duração: 3
anos e meio na modalidade alternância (estudante passa um tempo na
escola e um tempo na comunidade, aplicando e multiplicando os
conhecimentos)
Onde:
IF Baiano – Campus
Serrinha (matrícula / aulas) e nas unidades da Escola Família
Agrícola Monte Santos (60 vagas) e na Escola Família Agrícola de
Rio Real (60 vagas).
“Apoiar as
ações para aquisição de alimentos para os refeitórios do
Instituto pelos programas PAA e PNAE e ampliar
articulação com a Propes e Proen”
- Rita Garcia,
pró-reitora de extensão-
Fotografia: Acervo/Proex
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