O
cenário é o estuário do
Rio Subaé, pertencente aos
municípios de São Francisco do Conde e Santo Amaro da Purificação.
Se a primeira imagem é um
local belo e sem problemas,
não foi o cenário
encontrado por um grupo de pesquisadores do Instituto Federal Baiano
(IF Baiano) – Campus
Valença quando iniciou o
projeto em março de 2014.
De
um local ameaçado pela contaminação por metais pesados e HPAs
(Hidrocarbonetos
Poliaromáticos),
vindos
de
indústrias implantadas no entorno da BTS (Baía
de Todos os Santos) a
exemplo da Plumbum,
a
pesquisa surgiu da
necessidade de avaliar
níveis
de concentração de substâncias tóxicas e
a toxicidade na fauna
e determinar
o grau de concentração dos poluentes nos organismos e os
possíveis efeitos sobre a comunidade ribeirinha.
“Trabalhos
desta natureza possibilitam uma investigação que traz subsídios ao
incremento econômico, social e ambiental. No caso específico desta
pesquisa, por seu aspecto pioneiro para a região, possibilitará a
minimização dos problemas que estão sendo levantados, propondo
alternativas de mitigação, monitoramento e compensação
socioambiental”, explica
a pesquisadora e docente Elielma Santana.
Pela
proposta,
o
projeto pretende
contribuir
para a melhoria do consumo e da
comercialização
dos organismos. Segundo
Elielma, “o
principal mecanismo de transferência dos resultados será um
relatório técnico gerencial, além da preparação de artigos
científicos, documento de cooperação técnica, workshops,
palestras para as comunidades tradicionais, publicações de resumos
expandidos e/ou simples em eventos (congressos, simpósios ou
encontros) específicos e publicação de dados através do Grupo
de Pesquisa em Estudos Ambientais e Agrários (AMBIÊNCIA), bem
como as Prefeituras Municipais de Santo Amaro da Purificação e São
Francisco do Conde”,
afirma.
Segundo
a pesquisadora, o
trabalho já apresenta resultados, a partir das campanhas realizadas,
“apesar do grande passivo ambiental, os níveis de concentração
têm
se apresentado dentro do limite tolerável para consumo.
Entretanto,
vale ressaltar que os índices de zinco foram muito elevados e,
quando absorvido pelo homem em altas concentrações, podem causar
perda de memória, dores de cabeça, entre outros danos à
saúde”, destaca
ao falar sobre os perigos da contaminação. “Mas
ainda é cedo para um diagnóstico definitivo, haja vista que os
valores de hidrocarbonetos ainda estão em análise”, pondera
Elielma.
Para
as
estudantes Lia
Hellman e Milena
Silva,
os
debates em sala sobre o tema e
as aulas práticas
estimularam o interesse pelo projeto. “O mais interessante é poder
intervir de forma mais efetiva junto à
comunidade e perceber a importância dos mariscos daquela região
para a economia local e também avaliar a contaminação dos mesmos”,
informa
Lia. “Essas são atividades práticas do exercício da profissão
que nos levam a desenvolver um pensamento crítico mediante a
formação profissional e pessoal”, reforça
Milena.
Essa
experiência representa, conforme
as discentes, a
aplicação dos conhecimentos adquiridos durante o curso e
a oportunidade para o futuro. Ela
se entusiasma ao planejar sua
atuação
“como
técnica em outras instituições de pesquisa”, diz
Lia. “O mais interessante na participação desse projeto é poder
vivenciar a pesquisa propriamente dita e ajudar a comunidade local”,
conclui
Milena.
“Os
dados possibilitarão o acesso e a posse
das comunidades ribeirinhas a informações concretas a cerca do grau
de toxicidade na fauna, colaborando com a redução da ocorrência de
situações de vulnerabilidade socioambiental e melhoria da qualidade
de vida daqueles que direta ou indiretamente dependem do extrativismo
desses organismos como fonte de renda” -
Elielma Santana
Pesquisa
Desenvolvimento
do
trabalho:
Componentes
da macrofauna bentônica e ictiofauna do estuário do rio Subaé,
amostrados em 4 pontos, distribuídos em dois municípios do
recôncavo norte baiano (São Francisco do Conde e Santo Amaro da
Purificação).
São
coletadas duas
espécies de peixes, duas de crustáceos e três de moluscos para
avaliação em seis campanhas
amostrais (1/mês) –
a terceira aconteceu no dia 10
de novembro. As coletas mensais são realizadas com o auxílio de
pescadores e marisqueiras da região e
servidores da Prefeitura de
Santo
Amaro. Após a coleta, os organismos são transportados para uma base
de campo onde são realizadas as analises biométricas para cada
grupo com auxílio
de paquímetro digital e fitas métricas, além
da análise do
peso úmido total com o ajuda de balança semianalítica.
Posteriormente, todo material coletado é acondicionado em
embalagens de polietileno e mantida em freezer
até seu transporte para o laboratório onde serão feitas as análises químicas para determinação da concentração dos contaminantes em
estudo.
Comunidades
envolvidas:
Pitanga, Coroa de Brota, São Lourenço e Coroa da Carioca. A partir
da terceira
amostragem,
os
pesquisadores farão um
levantamento de informações junto a essas
comunidades para
que
os pescadores e marisqueiras sejam
beneficiados
com a melhoria da qualidade do pescado, pois
a comunidade utiliza-se de peixes
e mariscos para comercialização e
sua
própria alimentação.
Pesquisadores:
13
profissionais -
dois
pescadores e marisqueiros (colaboram
nas coletas de materiais),
quatro servidores
da Prefeitura
Municipal
de Santo
Amaro da Purificação (colaboram
com o apoio da base de campo e da
infraestrutura),
cinco discentes
do curso técnico em meio
ambiente
do Campus Valença
(atuam
em todo
o processo de desenvolvimento do trabalho)
e dois docentes
-
Elielma
Santana e Silvio Cruz
(coordenam,
orientam e desenvolvem todas as etapas da pesquisa).
Grupo
de Pesquisa em Estudos Ambientais e Agrários – AMBIÊNCIA/ IF
Baiano - Campus
Valença
“Esperamos
que estas primeiras informações sirvam de estímulo para que outros
pesquisadores e
estudantes da nossa instituição se interessem em realizar
atividades que venham a contribuir com a minimização do passivo
ambiental, econômico e social existente” -
Elielma Santana
Fotos: Acervo pessoal dos pesquisadores
Parabéns professor Silvio Cruz,( todo mérito a você) grande pesquisador e orientador, e a todos os alunos que participam dessa pesquisa.
ResponderExcluirParabéns pesquisador e orientador Silvio Cruz!!!
ResponderExcluirbelíssimo trabalho.