Profissionais
de áreas diferentes, cidadãs, mulheres que em seus afazeres diários no IF
Baiano contribuem para a formação de um ambiente de trabalho mais harmonioso, falam
sobre o papel da mulher na sociedade e os desafios da maternidade.
A
professora Camila Santana, a assistente social, Zildeni Martins, a assistente em
administração, Arlete Santos, e as Técnicas em Assuntos Educacionais, Tâmara
Monteiro e Sara Mamona concederam esta entrevista para a equipe do Blog Bem
Baiano.
Bem Baiano -
Quais os desafios em ser mãe no mundo de hoje?
Sara - Ser mãe num mundo com grandes transformações e de
valores tão voláteis, os desafios são enormes. Penso que os principais desafios
como mãe seja estabelecer laços de amizade com os nossos filhos: criar gente de
caráter,
do bem, ensinar pelo exemplo, andar junto, ser parceiro de verdade.
Camila - Penso que o maior desafio não é ser
mãe no mundo de hoje, mas ser mulher e educar. Além de multitarefa, sempre
espera-se muito de nós, muitas vezes sem perguntar, inclusive, se são esses
nossos objetos de desejo. Nem toda mulher quer ser mãe e isso devia ser natural
e respeitado como mais uma escolha da vida. Em segundo lugar, penso que há um
desafio no processo de educar, de maneira geral. E esse papel devia ser de todo
o núcleo familiar que cerca crianças e adolescentes e de instituições como a
escola, por exemplo. Vivemos um contexto social de múltiplos tipos de
representatividade familiar e, normalmente, isso não é ponderado quando se
pensa em responsabilidades e desafios. A mulher, de maneira geral, é cobrada e
responsabilizada pela presença, ausência, sucesso ou fracasso.
Bem
Baiano – E sobre as conquistas e desafios do mundo do trabalho?
Arlete - Ser mãe não é uma tarefa fácil, na
verdade, acho que nunca foi,mas, nos dias atuais, a mulher consegue estar
inserida no mercado de trabalho de forma mais atuante do que no tempo de nossas
avós.Conseguir conciliar as tarefas domésticas, a
criação de filhos e uma vida profissional de sucesso é no mínimo um grande desafio...O
próprio movimento feito com a participação mais ativa da mulher no mundo do
trabalho, vai fazendo com que as conquistas cheguem, mesmo que a passos lentos.
Um bom exemplo é o aumento do tempo da licença maternidade, que, para
quem exerce o papel de mãe, é muito valioso.
Tâmara - Ser mãe requer muito "jogo de cintura", requer conciliar
trabalho doméstico, vida profissional e a criação dos filhos. Apesar de ter uma licença maternidade maior, já não temos laços familiares tão fortes,
o que nos faz ter que recorrer a babás ou creches, após esse período. Ser mãe,
profissional e esposa exige muito tempo e energia. Posso dizer que não é fácil,
mas não abro mão de curtir cada fase. Aprendi a me desligar do trabalho quando
chego em casa, não abro mão de brincar, dar banho e colocar minha filha para
dormir.
"Ninguém é mais ou menos mãe porque teve um parto natural, normal ou cesárea". - Tâmara Monteiro
Bem Baiano - Hoje, fala-se muito em parto
humanizado. Qual sua opinião sobre o assunto?
Tâmara – Ninguém é mais ou menos mãe porque
teve um parto natural, normal ou cesárea. Acho que o tipo de parto deve ser uma
escolha da mãe. Ela deve se sentir segura. Lógico que existem casos em que
há riscos iminentes para mãe ou para o bebê e essa escolha não é possível.
Sara - O parto
humanizado é uma conquista, um avanço da medicina, mas, é fato que ainda não
chegou para todas as mulheres. A falta de vagas nos hospitais e maternidades,
falta de leitos e UTI´s é gritante. De modo que ainda temos dificuldade em
falar num avanço desse, quando ainda queremos assegurar o óbvio: que é um
acolhimento digno nos hospitais, sem que a mãe passe por todos os hospitais da
cidade em busca de uma vaga para ter seu bebê.
Camila - É
possível "humanização" e saúde também nas cesarianas. Não defendo,
nem levanto nenhuma das duas bandeiras. Penso que o parto deve ser da forma que
cause menos sofrimento para mãe e bebê e garanta segurança para ambos.
Portanto, sou contra qualquer uma das militâncias. O nascimento é algo muito
sério, que deveria ser natural, mas nem sempre é, por mil motivos. Sou contra,
contudo, todas as ações que fazem de partos um mercado cheio de corrupção e
comodismos, mas penso que isso vale também para os dois tipos.
Arlete - Na verdade quando nos damos conta da grandeza que é poder
gerar uma vida, ser abençoada com um filho, a única coisa que queremos é que
seu nascimento seja feito com segurança, tanto para mãe quanto para o bebê. E,
no meu entendimento, o parto humanizado acontece quando existe o respeito à
mulher, às suas necessidades e ao momento do parto, podendo ele ser normal ou
cesariana.
Zildeni - O
parto humanizado representa, para mim , uma forma de reparação social e de
denúncia aos maus tratos investidos às parturientes que recorrem ao SUS, e a
mercantilização do parto cesaréa no Brasil. Este, estimulado
propositadamente pelas empresas de saúde e amparada por muitos médicos
com o objetivo
principal da manutenção do lucro, bem como a conveniência de alguns
profissionais, por isso a defesa de uma política pública que garanta a
dignidade da mulher no decorrer da gestação e no momento do parto é de
fundamental importância. O parto humanizado já é uma realidade, porém o
processo ainda necessita ser melhorado.
Bem Baiano -
“Não existe mãe solteira. Ser mãe não é estado civil”. Qual sua opinião sobre
essas afirmações?
Tâmara - Concordo que não existe
mãe solteira, mãe casada, mãe viúva, existe Mãe e ponto. Ser mãe independe do
estado civil.
Sara - "Mãe
solteira" é uma expressão típica da sociedade machista. Creio que a cada
dia isso vem sendo superado. As mulheres possuem outras relações de trabalho e
sociais hoje. As conquistas das mulheres, em todas as áreas, nos permite
escolher ser mãe, casando ou não. Sou otimista! Creio que em breve, na
sociedade brasileira, não teremos mais tais discussões.
Camila - Sim,
ser mãe não é estado civil, mas há uma diferença gigantesca entre a maternidade
solitária e a compartilhada, digamos assim. E isso não tem a ver com o estado
civil. Há muitas mães sozinhas que são casadas e vivem com seus(as)
respectivos(as) companheiros (as), assim como há muitas mães solteiras que
vivem a maternidade de forma compartilhada com seus pares. Mais do que o estado
civil, vale a responsabilidade daqueles que decidiram ser mãe e pais.
Zildeni - Mãe
é mãe independente de ser solteira, casada, viúva. O fato da mulher esta ou não
acompanhada por estes adjetivos não lhe torna menos ou mais mãe.
"'Mãe solteira' é uma expressão típica da sociedade machista". - Sara Mamona
"Mãe é mãe independente de ser solteira, casada, viúva".- Zildeni Martins
Bem Baiano – O
que tem a dizer sobre o Dia das Mães? E sobre Ser Mãe?
Zildeni – [Ser
mãe é] uma maravilha, é ser desafiada todos os dias, é viver com uma extensão
de si, porém com uma individualidade própria, diferente da sua. É fantástico.
Sara - Sou grata
a Deus por essa oportunidade de ser mãe. Desejo a todas as mães que os melhores
sonhos que vocês possam sonhar para os seus filhos (as) se realizem. Às mulheres que não podem ser mães e querem,
desejo que o seu filho chegue em breve e não esqueça que há muitas crianças no
mundo aguardando por uma mãe.
Camila - Tenho
discutido muito sobre a necessidade de repensarmos o Dia das Mães...será que
ele faz sentido? E as crianças que nunca tiveram mãe? E as que são
"maltratadas" por suas mães? E as famílias que possuem dois pais ou
dois homens? E as que possuem duas mães? Enfim...temos tantos modelos de
família e exercemos tantos papéis na vida que penso que o dia das mães como é,
não devia mais ser. Penso muito o quanto
o enquadramento deste dia nos aprisiona, molda e nos obriga a reconhecer que
temos apenas um modelo de concepção e de representação feminina familiar
válida.
Arlete - A
maternidade me deu a oportunidade de sentir o amor de forma plena, me fez
querer ser uma pessoa melhor a cada dia, porque hoje entendo que tenho o dever
de dar o meu melhor, de ensiná-lo a ser uma pessoa de bom caráter e,
principalmente, a ser uma pessoa feliz.
Fotos: Arquivo pessoal das servidoras Tâmara Monteiro, Sara Mamona e Arlete Santos/ Foto 3: Mariana Franco
Fotos: Arquivo pessoal das servidoras Tâmara Monteiro, Sara Mamona e Arlete Santos/ Foto 3: Mariana Franco
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