segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

2016 para a Extensão: mais propostas e projetos


Fórum Mundial Educação Tecnológica Profissional em Recife
Início de ano sempre é aquela fase de nostalgia e expectativa: avaliar projetos anteriores, comemorar o que funcionou, amplificar propostas e idealizar rumos novos para um sonho. Para a Pró-Reitoria de Extensão (Proex) do Instituto Federal Baiano (IF Baiano), Rita Garcia, são muitas ideias para 2016: “espera-se dar continuidade aos projetos aprovados nos editais; estabelecer uma agenda para implantação, capacitação dos membros e institucionalização do NEA – Núcleo de Estudos em Agroecologia; realizar capacitação em sistematização de experiência e avaliação de projetos para servidores; implementar os cursos técnicos pelo Pronera”, projeta.

Assim, em entrevista à equipe do Bem Baiano, a pró-reitora conta um pouco sobre as ações e as atividades de 2015 e o impacto dessas neste ano em exercício.


Bem Baiano – O que foi mais desafiador em 2015?
Rita Garcia - Tentar encontrar uma identidade para a Proex, buscar um referencial. Hoje, trabalha-se mais com projetos, buscando uma maior aproximação com as comunidades tradicionais e os agricultores(as) camponeses, o que apresenta uma estreita relação com os pressupostos de uma concepção de extensão dialógica, promovendo o trabalho útil e com significados para os sujeitos envolvidos. Tenta-se superar a compreensão de uma extensão assistencialista e difusora que significa basicamente estender as atividades de ensino e resultados de pesquisas à comunidade.
O trabalho extensionista será sempre desafiador por envolver elementos ainda não claros para todos do ponto de vista de sua aplicabilidade e, principalmente, por depender de uma ação coletiva construída por atores diversos (servidores, estudantes, comunidade, técnicos, líderes de movimentos sociais). Como todo o trabalho acadêmico, a realização das diversas ações deverá ter suporte em metodologias participativas, avaliação, sistematização da experiência e produção de um material.

Bem Baiano – Principais projetos?
Rita Garcia - O Projeto Euclides Neto, em parceria com INCRA –Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, parte de uma demanda dos assentados e é uma proposta de extensão inovadora que une a elevação de escolaridade e a assistência técnica por meio do Programa de Educação na Reforma Agrária (Pronera) e da Assessoria Técnica e Extensão Rural (Ater) e encontra-se sob análise da viabilidade técnica e operacional.
O Projeto “No chão do AGRES-SER-TÃO: agreste e sertão no ensino técnico para fortalecimento agricultura familiar camponesa” tem por objetivo ofertar curso técnico em agropecuária para jovens e adultos dos assentamentos de comunidades quilombolas e de fundos de pastos. O processo de seleção dos estudantes e professores está previsto para acontecer nos primeiros meses do ano de 2016. A implantação dessa ação fortalece as propostas da educação do campo e valorizando as pessoas que resistem a viver do campo.
O Projeto Cultura e Arte tem tido uma boa aceitação. A ideia de realizar uma Mostra como primeira atividade cultural partiu de uma comissão formada por servidores da área de artes. Para o segundo ano do projeto, está previsto, além da possibilidade da Mostra, outras ações no percorrer do ano letivo e a construção de espaços formativos. De uma maneira geral, as propostas contemplam as expressões artísticas populares, indígenas, afro-brasileiras e de outros grupos que compõem a diversidade cultural e possuem interlocução com o Território. 

Pretende-se com o projeto (Euclides Neto) atender a missão do Instituto em promover o desenvolvimento do Território onde está inserido e ocupar vagas com estudantes que tenham vínculo com o campo e o mundo rural, especialmente com a agricultura familiar camponesa, o que poderá reduz a evasão escolar bem como fazer melhor uso dos recursos públicos”

- Rita Garcia, pró-reitora de extensão-
 

Bem Baiano – Outras ações da Extensão?
Rita Garcia - A Propes – Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação e Proex têm retomado as discussões do NEA do IF Baiano, pensando em contribuir com a construção e a socialização de conhecimentos que dialogam com a transição agroecológica.
Os motivos que justificam a reestruturação são as ações que já vêm sendo desenvolvidas nos campi. Temos projetos de interesse dos povos das comunidades tradicionais e dos agricultores(as) familiares campesinos(as), que são os sujeitos da agroecologia; as temáticas dos editais (soberania alimentar, tecnologias sociais, economia solidária, educação do campo) se aproximam da transição agroecológica e valorizam os arranjos produtivos, sociais e culturais dos territórios.
Palestra sobre araruta em Jiquiriçá, Santa Inês
A ideia será estabelecer um cenário para discussão, troca de experiência, divulgação de campanhas e fortalecimento do movimento e da integração das ações desenvolvidas no processo político-educativo da formação técnica e cidadã e pela produção e difusão de novos conhecimentos e novas metodologias, consolidando as ações do Instituto.
Hoje, por meio de manifestação espontânea sugerida por uma consulta, temos pessoas interessadas em participar dessa construção e um representante de cada campus. Houve uma reunião em Euclides da Cunha quando o grupo estabeleceu algumas ações a serem executadas que envolvem capacitação, troca de experiência e intercâmbio bem como repensar ações e definir procedimentos para efetivar o Núcleo como um projeto de abrangência institucional.

Bem Baiano – E a participação discente nos projetos de extensão?
Rita Garcia – Os impactos de quaisquer atividades de extensão junto aos segmentos sociais são difíceis de mensurar por envolver elementos muito subjetivos. Por ser uma ação política, os resultados de um projeto de extensão podem surgir depois de certo tempo, cinco ou dez anos após. Contudo, o contato com a realidade a ponto dos estudantes e dos servidores impregnarem-se com nela pode ampliar a visão de mundo dos indivíduos e redirecionar suas ações acadêmicas e profissionais para espaços antes impensados.
Com isso, ganha a Pesquisa que será aplicada, atendendo a demandas reais e ganha o Ensino na medida em que permite a construção ou a (re)construção do conhecimento. Com o conhecimento local, a Extensão também funciona como uma ferramenta de gestão na medida em que possibilita realizar alterações nos PPCs – Projetos Pedagógicos de Cursos, programar novos cursos e divulgar o Instituto para as comunidades tradicionais e rurais mais distantes.
Hoje, trabalhamos com número de projetos ainda não suficiente, mas com valor de recurso financeiro por projeto razoável (projetos com mais de 12 meses a exemplo da agricultura familiar e de inclusão digital; projetos culturais, que apesar de ser um único projeto por campus, podem abranger toda a comunidade interna e ainda as exposições são abertas ao público externo). Nas equipes executoras dos projetos, além dos estudantes bolsistas e voluntários, têm egressos e pessoas da comunidade externa.

Bem Baiano – Expectativa?
Rita Garcia - Com a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024), chega a hora do Instituto discutir os caminhos e as possibilidades da Curricularização da Extensão do Ensino Superior. O documento prevê, no mínimo, 10% de atividade de Extensão em programas e projetos. O atendimento dessa meta dependerá de uma ampla discussão com a comunidade, podendo contabilizar ações nos componentes projeto integrador e atividades extracurriculares. Nessa perspectiva, a reestruturação do NEA, a implantação dos cursos pelo Pronera e os demais projetos funcionarão também como um laboratório, um cenário para efetivação das ações de extensão.
Esperançamos que a Extensão do IF Baiano cumpra sua função de formar estudantes críticos, criativos, conscientes e situados no atual contexto social ao tempo em que as comunidades possam, por meio do diálogo e da partilha de experiência, encontrar meios que implementem ações coletivas, promovendo a emancipação e o empoderamento.

Visita da equipe Euclides Neto a EFA Monte Santos
Além dos projetos da Proex, têm as ações do CVT – Centro de Tecnologias Sociais do Semiárido - IF Baiano que capacitam e divulgam tecnologia social para seminário bem como o interesse da gestão em viabilizar a aquisição de produção da agricultura familiar para os restaurantes do instituto por meio do PAA e PNAE

- Rita Garcia, pró-reitora de extensão-

Saiba mais:

Projeto Euclides Neto

Beneficiados: 213 assentamentos (Territórios de identidade - Litoral Sul, Baixo Sul, Costa do Descobrimento, Extremo Sul, Sisal, Vale do Jiquiriçá, Piemonte do Paraguaçu e Chapada Diamantina).
Oferta: 600 vagas (50% das vagas para cursos técnicos de nível médio e a outra metade para cursos subsequentes e superiores, que incluem tecnólogo, especialização e mestrado profissional, distribuídas nos cursos (agroindústria, meio ambiente, florestas, agrimensura, agroecologia, gestão de cooperativa, planejamento territorial, extensão rural e cooperativismo e tecnologia social).
Projetos de cursos: baseados nas Diretrizes da Educação do Campo com inclusão da Pedagogia da Alternância e do Trabalho como princípio formativo.

Projeto “No chão do AGRES-SER-TÃO: agreste e sertão no ensino técnico para fortalecimento agricultura familiar camponesa”

Oferta: 120 vagas no curso técnico em agropecuária para jovens e adultos dos assentamentos de comunidades quilombolas e de fundos de pastos nos Territórios do Sisal, Litoral Norte, Semiárido Nordeste II e Piemonte da Diamantina.
Duração: 3 anos e meio na modalidade alternância (estudante passa um tempo na escola e um tempo na comunidade, aplicando e multiplicando os conhecimentos)
Onde: IF Baiano – Campus Serrinha (matrícula / aulas) e nas unidades da Escola Família Agrícola Monte Santos (60 vagas) e na Escola Família Agrícola de Rio Real (60 vagas).


Apoiar as ações para aquisição de alimentos para os refeitórios do Instituto pelos programas PAA e PNAE e ampliar articulação com a Propes e Proen”

- Rita Garcia, pró-reitora de extensão-

Fotografia: Acervo/Proex



Nenhum comentário:

Postar um comentário