quinta-feira, 20 de março de 2014

Estudantes e professores discutem questão agrária no Vale do Jiquiriçá

Foi diante da necessidade de capacitar os agricultores familiares da comunidade de Gameleira, em Lages no Vale do Jiquiriçá, que estudantes e professores do Campus Santa Inês realizaram uma oficina. O treinamento ocorreu em duas etapas, uma de cunho exploratório, para compreender as especificidades da comunidade; e outra de caráter prático na qual foram transmitidas instruções sobre o processamento de mandioca. Cerca de 30 pessoas participaram da oficina e serão agentes multiplicadores na comunidade.

O coordenador da oficina, Clóvis do Santos, explica que a iniciativa faz parte de um conjunto de ações que vem sendo discutidas no Núcleo de Estudos em Questões Agrárias (NEQA), do Campus Santa Inês, que tem o propósito de realizar atividades de pesquisa e extensão nos municípios do Território de Identidade do Vale do Jiquiriçá. O NEQA é coordenado pela professora Aline dos Santos Lima e a oficina também contou com o apoio e participação das professoras Eliza Caldas Soares e Jeane Carla Oliveira.

Fomentadas pelo Programa de Oficinas Comunitárias, incentivada pela Pró-Reitoria de Extensão do IF Baiano, essas iniciativas são propostas pela comunidade acadêmica de acordo com as demandas locais. As oficinas tem um caráter prático de saber-fazer, são de curta duração e visam colaborar para o desenvolvimento social e econômico das comunidades. “Verificamos que Laje é um dos 10 municípios baianos que, nos últimos 20 anos, lidera a produção de mandioca no que se refere à área plantada, colhida e produção”, afirmou Clóvis.

A estudante do curso de Geografia, Ângela Calhau, resolveu participar da oficina como monitora voluntária, pois percebeu o quanto há para ser estudado na região e quanto esse conhecimento adquirido precisa ser disseminado, contribuindo também para sua melhor formação profissional. “Percebo que o contato com o homem do campo bem como o retorno as origens, minha, de meus pais e avós, atrelada ao conhecimento vivenciado na academia, certamente me faz uma futura professora mais humana e uma cidadã que busca vivenciar justiça social em minha rotina diária”, afirma.

Para Carlos de Jesus, agricultor do Vale do Jequiriçá, da comunidade Gameleira, participar da oficina foi uma forma de buscar conhecimento para o desenvolvimento local. “Pensar em conjunto é importante porque podemos trazer e fazer ações na comunidade. Os membros da comunidade ficaram mais animados e perceberam que através da associação podemos atingir nossos objetivos. Dessa vez, aprendemos como somos importantes e o nosso papel em abastecer as cidades com alimentos”, conclui.

Clóvis aponta que, com o decorrer da oficina, novas demandas foram surgindo, como a questão do acesso às terras no Vale, inovações na cadeia produtiva da mandioca, fabricação de beijus e instruções sobre produção de polpa de frutas. “A repercussão foi tão positiva que até a Secretaria da Agricultura trouxe demandas, a exemplo de cursos de formação sindical para jovens e de pesquisa para identificação de comunidade quilombolas, haja vista que existem áreas do município que foram produtoras de café notadamente com mão de obra escrava”.

Fotos: Angela Andrade Calhau e Claudia de Jesus Santos

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