segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Pesquisadores do Campus Valença desenvolvem projeto ambiental



O cenário é o estuário do Rio Subaé, pertencente aos municípios de São Francisco do Conde e Santo Amaro da Purificação. Se a primeira imagem é um local belo e sem problemas, não foi o cenário encontrado por um grupo de pesquisadores do Instituto Federal Baiano (IF Baiano) – Campus Valença quando iniciou o projeto em março de 2014.

De um local ameaçado pela contaminação por metais pesados e HPAs (Hidrocarbonetos Poliaromáticos), vindos de indústrias implantadas no entorno da BTS (Baía de Todos os Santos) a exemplo da Plumbum, a pesquisa surgiu da necessidade de avaliar níveis de concentração de substâncias tóxicas e a toxicidade na fauna e determinar o grau de concentração dos poluentes nos organismos e os possíveis efeitos sobre a comunidade ribeirinha.


Trabalhos desta natureza possibilitam uma investigação que traz subsídios ao incremento econômico, social e ambiental. No caso específico desta pesquisa, por seu aspecto pioneiro para a região, possibilitará a minimização dos problemas que estão sendo levantados, propondo alternativas de mitigação, monitoramento e compensação socioambiental”, explica a pesquisadora e docente Elielma Santana.

Pela proposta, o projeto pretende contribuir para a melhoria do consumo e da comercialização dos organismos. Segundo Elielma, o principal mecanismo de transferência dos resultados será um relatório técnico gerencial, além da preparação de artigos científicos, documento de cooperação técnica, workshops, palestras para as comunidades tradicionais, publicações de resumos expandidos e/ou simples em eventos (congressos, simpósios ou encontros) específicos e publicação de dados através do Grupo de Pesquisa em Estudos Ambientais e Agrários (AMBIÊNCIA), bem como as Prefeituras Municipais de Santo Amaro da Purificação e São Francisco do Conde”, afirma.

Segundo a pesquisadora, o trabalho já apresenta resultados, a partir das campanhas realizadas, “apesar do grande passivo ambiental, os níveis de concentração têm se apresentado dentro do limite tolerável para consumo. Entretanto, vale ressaltar que os índices de zinco foram muito elevados e, quando absorvido pelo homem em altas concentrações, podem causar perda de memória, dores de cabeça, entre outros danos à saúde”, destaca ao falar sobre os perigos da contaminação. “Mas ainda é cedo para um diagnóstico definitivo, haja vista que os valores de hidrocarbonetos ainda estão em análise”, pondera Elielma.

Para as estudantes Lia Hellman e Milena Silva, os debates em sala sobre o tema e as aulas práticas estimularam o interesse pelo projeto. “O mais interessante é poder intervir de forma mais efetiva junto à comunidade e perceber a importância dos mariscos daquela região para a economia local e também avaliar a contaminação dos mesmos”, informa Lia. “Essas são atividades práticas do exercício da profissão que nos levam a desenvolver um pensamento crítico mediante a formação profissional e pessoal”, reforça Milena.

Essa experiência representa, conforme as discentes, a aplicação dos conhecimentos adquiridos durante o curso e a oportunidade para o futuro. Ela se entusiasma ao planejar sua atuação “como técnica em outras instituições de pesquisa”, diz Lia. “O mais interessante na participação desse projeto é poder vivenciar a pesquisa propriamente dita e ajudar a comunidade local”, conclui Milena. 



Os dados possibilitarão o acesso e a posse das comunidades ribeirinhas a informações concretas a cerca do grau de toxicidade na fauna, colaborando com a redução da ocorrência de situações de vulnerabilidade socioambiental e melhoria da qualidade de vida daqueles que direta ou indiretamente dependem do extrativismo desses organismos como fonte de renda” - Elielma Santana
 

Pesquisa


Desenvolvimento do trabalho: Componentes da macrofauna bentônica e ictiofauna do estuário do rio Subaé, amostrados em 4 pontos, distribuídos em dois municípios do recôncavo norte baiano (São Francisco do Conde e Santo Amaro da Purificação). 
 
São coletadas duas espécies de peixes, duas de crustáceos e três de moluscos para avaliação em seis campanhas amostrais (1/mês) – a terceira aconteceu no dia 10 de novembro. As coletas mensais são realizadas com o auxílio de pescadores e marisqueiras da região e servidores da Prefeitura de Santo Amaro. Após a coleta, os organismos são transportados para uma base de campo onde são realizadas as analises biométricas para cada grupo com auxílio de paquímetro digital e fitas métricas, além da análise do peso úmido total com o ajuda de balança semianalítica.  Posteriormente, todo material coletado é acondicionado em embalagens de polietileno e mantida em freezer até seu transporte para o laboratório onde serão feitas as análises químicas para determinação da concentração dos contaminantes em estudo.

Comunidades envolvidas: Pitanga, Coroa de Brota, São Lourenço e Coroa da Carioca. A partir da terceira amostragem, os pesquisadores farão um levantamento de informações junto a essas comunidades para que os pescadores e marisqueiras sejam beneficiados com a melhoria da qualidade do pescado, pois a comunidade utiliza-se de peixes e mariscos para comercialização e sua própria alimentação.

Pesquisadores: 13 profissionais - dois pescadores e marisqueiros (colaboram nas coletas de materiais), quatro servidores da Prefeitura Municipal de Santo Amaro da Purificação (colaboram com o apoio da base de campo e da infraestrutura), cinco discentes do curso técnico em meio ambiente do Campus Valença (atuam em todo o processo de desenvolvimento do trabalho) e dois docentes - Elielma Santana e Silvio Cruz (coordenam, orientam e desenvolvem todas as etapas da pesquisa). 



Grupo de Pesquisa em Estudos Ambientais e Agrários – AMBIÊNCIA/ IF Baiano - Campus Valença



Esperamos que estas primeiras informações sirvam de estímulo para que outros pesquisadores e estudantes da nossa instituição se interessem em realizar atividades que venham a contribuir com a minimização do passivo ambiental, econômico e social existente” - Elielma Santana


Fotos: Acervo pessoal dos pesquisadores



2 comentários:

  1. Parabéns professor Silvio Cruz,( todo mérito a você) grande pesquisador e orientador, e a todos os alunos que participam dessa pesquisa.

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  2. Parabéns pesquisador e orientador Silvio Cruz!!!
    belíssimo trabalho.

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