Processo de escolha de cursos em Serrinha

IF Baiano - Campus Serrinha

22 de agosto, sábado, o Instituto Federal Baiano (IF Baiano) – Campus Serrinha realizará audiência pública para ouvir a comunidade da região sisaleira no processo de implantação dos cursos. O evento, programado para acontecer na Universidade do Estado da Bahia (Uneb) – Campus XI, será durante toda a manhã e, com início das atividades, às 8h30.

Para Kelly Brito, diretora-geral pró-tempore do campus, “é um momento importante para estreitarmos um processo de alinhamento identitário, sobretudo amparados em documentos como o Diagnóstico do Território do Sisal, Matriz de Ações do Território do Sisal e Plano Territorial de Desenvolvimento Territorial Rural Sustentável do Sisal com o Plano de Desenvolvimento Institucional do IF Baiano”, destaca. 

 

O Campus Serrinha está, entre as novas unidades de ensino da expansão ao lado de Alagoinhas, Itaberaba e Xique-Xique, com previsão de entrega das obras no próximo mês. Com oferta inicial de atendimento para 280 estudantes regulares, ele também terá atividades de extensão que irão alcançar as comunidades. Segundo Brito, a atuação do Instituto no Território Sisal “assumirá uma abordagem eminentemente agroecológica com foco prioritário na agricultura familiar, na educação do campo e no desenvolvimento de tecnologias agrárias calcadas na economia solidária e na geração de tecnologia social”, explica. 

IF Baiano - Campus Serrinha

 

Em entrevista ao Bem Baiano, a pedagoga Kelly conversa mais sobre a experiência de assumir a direção do campus, a importância de estar na região sisaleira e o papel do IF Baiano no fortalecimento da educação do campo.

Bem Baiano - Como tem sido para você essa experiência de assumir a direção-geral de um campus?

Kelly Brito durante sua rotina de trabalho

Kelly Brito - É uma experiência interessante e que pode ser muito representativa em minha vida, considerando as possibilidades de contribuição na causa da educação pública, gratuita e de qualidade. Para mim, especialmente, trata-se de ampliar a minha atuação e autonomia como profissional da educação pública há 12 anos. Acredito que uma experiência de gestão, neste nível, só faz sentido se carregamos conosco a defesa de uma causa. Nesse sentido, a causa que defendo é a crença no ser humano enquanto sujeito histórico, capaz de aprender, de intervir e transformar realidades por meio de um processo educativo libertador e criativo.

Bem Baiano - Por que é tão importante para o IF Baiano estar na região sisaleira?

Kelly Brito - A construção e evolução histórica do IF Baiano por si só já responde a esta questão. Somos uma instituição que guarda importante expertise nas ciências agrárias. Temos quadro docente e técnico especializado e com alta qualificação nesta área. A meu ver, o IF Baiano não poderia estar em melhor cenário para atuar de forma proeminente.

A região sisaleira, em grande medida, tem base econômica na agricultura familiar e na pecuária extensiva. E, nós, pretendemos atuar, sobretudo, para fortalecer estas atividades econômicas, gerando conhecimento aplicado, desenvolvimento social por meio do processo de escolarização e autonomia e empoderamento a partir do fomento a modelos econômicos cooperativos e associativos. Para isso, o nosso planejamento é investir de forma inovadora na articulação entre as ações de ensino, pesquisa e extensão com foco no fazer educativo solidário e autogerido.

Vale dizer ainda que a formalização da economia não passa mais apenas pelo modelo de economia formal que temos, pautado na relação entre “patrão” e “empregado”. Portanto, reconhecer e assumir o potencial de outras alternativas será necessário para contribuir no desenvolvimento territorial. Nessa perspectiva, o IF Baiano – Campus Serrinha atuará para fortalecer e desenvolver tecnologias agrárias alinhadas com a economia solidaria, fortalecendo modelos cooperativos e associativos.

Bem Baiano - Por que é importante fortalecer a Educação do Campo? Como o IF Baiano desempenha esse papel hoje dentro da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica?

Kelly Brito - Fazer educação do campo não é simples e, muito menos, fácil. É, sobretudo, o resgaste e a valorização da vida do campo. É insistir que a cidade não é superior ao campo. Construir este entendimento para filhos e netos de camponeses é um grande desafio. Portanto, acredito que precisamos fazer educação do campo formando sujeitos do próprio campo. É um processo que tem começar lá dentro. É uma educação que não pode ser feita apenas de forma exógena. Não dá certo!

O IF Baiano – Campus Serrinha pretende assumir essa importante frente no Território do Sisal. Acredito que as nossas ações institucionais nessa área ainda são bastante tímidas, contrariando a nossa própria experiência. Mas, temos inciativas internas, sim! Precisamos ampliar e fortalecer. O Sisal é um “campo” fértil para o IF Baiano contribuir no desenvolvimento de ações reparadoras e formadoras para os sujeitos do campo.

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