Alterações
climáticas e a escassez de chuva são alguns dos fatores que fizeram
que a comunidade quilombola de Lagoa das Piranhas, na região de Bom
Jesus da Lapa, reduzisse a produção de mandioca. Em outros tempos,
a única casa de farinha não atendia a grande produção.
Percebendo as
dificuldades dos pequenos produtores e a extinção de algumas
espécies nativas, o professor João Paulo dos Santos está
desenvolvendo o projeto “Mandiocultura
uma perspectiva agroecológica na comunidade quilombola
Lagoa das Piranhas”, vinculado ao grupo de pesquisa da EmbrapaMandioca e Fruticultura.
Para
executá-lo, foram realizadas palestras para comunidade sobre as
técnicas de cultivo e aplicações da raiz, além de entrevistas com
os moradores. O plantio está localizado nas terras da associação
dos moradores que, desde de 2015, vem recebendo visitas técnicas
periódicas do professor e estudantes do IF Baiano.
Para
Edgar de Carvalho, bacharelando em Engenharia Agronômica, do Campus
Bom Jesus da Lapa, a participação no projeto foi uma experiência
para a vida. “Acredito
que o maior conhecimento que adquiri nenhuma literatura iria trazer,
que é apresentar uma proposta a comunidade sem imposições, fazendo
deles os protagonistas do processo de transformação, avaliando e
discutindo como é feito e o que podemos melhorar”, disse.
Renda
Extra
A
comunidade de Lagoa das Piranhas é formada, na maioria, por
pescadores, “porém nos
intervalos que não estão pescando ou consertando suas redes, eles
cultivam a terra. Alguns com o objetivo de complementar a alimentação
da família, outros para complementar a renda”, esclareceu João
Paulo.
E
é assim para o pescador, João Brandão, que disse participar dos
projetos para adquirir outros conhecimentos e
espera que, com a iniciativa, mudanças aconteçam no quilombo.
“Se conseguirmos voltar a produzir a mandioca, será um alimento
que voltará às nossas mesas e uma renda extra. Sou mesmo é
pescador, mas sempre planto alguma coisinha”, afirmou.
“O
projeto foi fundamental, pois disponibilizou para a comunidade
aquelas variedades que haviam desaparecido e trouxe outras para que
pudessem escolher, conforme a necessidade: como alimentar animais,
comercializar in-natura
ou fazer farinha”, avaliou o professor.
Fotos: Edgar Filho e João Paulo dos Santos
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