domingo, 10 de maio de 2015

Servidoras do IF Baiano falam sobre ser mulher e mãe



Profissionais de áreas diferentes, cidadãs, mulheres que em seus afazeres diários no IF Baiano contribuem para a formação de um ambiente de trabalho mais harmonioso, falam sobre o papel da mulher na sociedade e os desafios da maternidade.

A professora Camila Santana, a assistente social, Zildeni Martins, a assistente em administração, Arlete Santos, e as Técnicas em Assuntos Educacionais, Tâmara Monteiro e Sara Mamona concederam esta entrevista para a equipe do Blog Bem Baiano. 


Bem Baiano - Quais os desafios em ser mãe no mundo de hoje?
Sara - Ser mãe num mundo com grandes transformações e de valores tão voláteis, os desafios são enormes. Penso que os principais desafios como mãe seja estabelecer laços de amizade com os nossos filhos: criar gente de caráter, do bem, ensinar pelo exemplo, andar junto, ser parceiro de verdade.

Camila - Penso que o maior desafio não é ser mãe no mundo de hoje, mas ser mulher e educar. Além de multitarefa, sempre espera-se muito de nós, muitas vezes sem perguntar, inclusive, se são esses nossos objetos de desejo. Nem toda mulher quer ser mãe e isso devia ser natural e respeitado como mais uma escolha da vida. Em segundo lugar, penso que há um desafio no processo de educar, de maneira geral. E esse papel devia ser de todo o núcleo familiar que cerca crianças e adolescentes e de instituições como a escola, por exemplo. Vivemos um contexto social de múltiplos tipos de representatividade familiar e, normalmente, isso não é ponderado quando se pensa em responsabilidades e desafios. A mulher, de maneira geral, é cobrada e responsabilizada pela presença, ausência, sucesso ou fracasso.

Bem Baiano – E sobre as conquistas e desafios do mundo do trabalho?
Arlete - Ser mãe não é uma tarefa fácil, na verdade, acho que nunca foi,mas, nos dias atuais, a mulher consegue estar inserida no mercado de trabalho de forma mais atuante do que no tempo de nossas avós.Conseguir conciliar as tarefas domésticas, a criação de filhos e uma vida profissional de sucesso é no mínimo um grande desafio...O próprio movimento feito com a participação mais ativa da mulher no mundo do trabalho, vai fazendo com que as conquistas cheguem, mesmo que a passos lentos. Um bom exemplo é o aumento do tempo da licença maternidade, que, para quem exerce o papel de mãe, é muito valioso.

Tâmara - Ser mãe requer muito "jogo de cintura", requer conciliar trabalho doméstico, vida profissional e a criação dos filhos. Apesar de ter uma licença maternidade maior, já não temos laços familiares tão fortes, o que nos faz ter que recorrer a babás ou creches, após esse período. Ser mãe, profissional e esposa exige muito tempo e energia. Posso dizer que não é fácil, mas não abro mão de curtir cada fase. Aprendi a me desligar do trabalho quando chego em casa, não abro mão de brincar, dar banho e colocar minha filha para dormir. 


"Ninguém é mais ou menos mãe porque teve um parto natural, normal ou cesárea" - Tâmara Monteiro


Bem Baiano - Hoje, fala-se muito em parto humanizado. Qual sua opinião sobre o assunto?
Tâmara – Ninguém é mais ou menos mãe porque teve um parto natural, normal ou cesárea. Acho que o tipo de parto deve ser uma escolha da mãe. Ela deve se sentir segura. Lógico que existem casos em que há riscos iminentes para mãe ou para o bebê e essa escolha não é possível.
Sara - O parto humanizado é uma conquista, um avanço da medicina, mas, é fato que ainda não chegou para todas as mulheres. A falta de vagas nos hospitais e maternidades, falta de leitos e UTI´s é gritante. De modo que ainda temos dificuldade em falar num avanço desse, quando ainda queremos assegurar o óbvio: que é um acolhimento digno nos hospitais, sem que a mãe passe por todos os hospitais da cidade em busca de uma vaga para ter seu bebê.
Camila - É possível "humanização" e saúde também nas cesarianas. Não defendo, nem levanto nenhuma das duas bandeiras. Penso que o parto deve ser da forma que cause menos sofrimento para mãe e bebê e garanta segurança para ambos. Portanto, sou contra qualquer uma das militâncias. O nascimento é algo muito sério, que deveria ser natural, mas nem sempre é, por mil motivos. Sou contra, contudo, todas as ações que fazem de partos um mercado cheio de corrupção e comodismos, mas penso que isso vale também para os dois tipos.
Arlete - Na verdade quando nos damos conta da grandeza que é poder gerar uma vida, ser abençoada com um filho, a única coisa que queremos é que seu nascimento seja feito com segurança, tanto para mãe quanto para o bebê. E, no meu entendimento, o parto humanizado acontece quando existe o respeito à mulher, às suas necessidades e ao momento do parto, podendo ele ser normal ou cesariana.
Zildeni - O parto humanizado representa, para mim , uma forma de reparação social e de denúncia aos maus tratos investidos às parturientes que recorrem ao SUS, e a mercantilização do parto cesaréa  no Brasil. Este, estimulado propositadamente pelas empresas de saúde e amparada por muitos médicos
com o objetivo principal da manutenção do lucro, bem como a conveniência de alguns profissionais, por isso a defesa de uma política pública que garanta a dignidade da mulher no decorrer da gestação e no momento do parto é de fundamental importância. O parto humanizado já é uma realidade, porém o processo ainda necessita ser melhorado.

Bem Baiano - “Não existe mãe solteira. Ser mãe não é estado civil”. Qual sua opinião sobre essas afirmações?
Tâmara - Concordo que não existe mãe solteira, mãe casada, mãe viúva, existe Mãe e ponto. Ser mãe independe do estado civil. 
Sara - "Mãe solteira" é uma expressão típica da sociedade machista. Creio que a cada dia isso vem sendo superado. As mulheres possuem outras relações de trabalho e sociais hoje. As conquistas das mulheres, em todas as áreas, nos permite escolher ser mãe, casando ou não. Sou otimista! Creio que em breve, na sociedade brasileira, não teremos mais tais discussões.

Camila - Sim, ser mãe não é estado civil, mas há uma diferença gigantesca entre a maternidade solitária e a compartilhada, digamos assim. E isso não tem a ver com o estado civil. Há muitas mães sozinhas que são casadas e vivem com seus(as) respectivos(as) companheiros (as), assim como há muitas mães solteiras que vivem a maternidade de forma compartilhada com seus pares. Mais do que o estado civil, vale a responsabilidade daqueles que decidiram ser mãe e pais.
Zildeni - Mãe é mãe independente de ser solteira, casada, viúva. O fato da mulher esta ou não acompanhada por estes adjetivos não lhe torna menos ou mais mãe.


"'Mãe solteira' é uma expressão típica da sociedade machista". - Sara Mamona
 "Mãe é mãe independente de ser solteira, casada, viúva".- Zildeni Martins

Bem Baiano – O que tem a dizer sobre o Dia das Mães? E sobre Ser Mãe?

Zildeni – [Ser mãe é] uma maravilha, é ser desafiada todos os dias, é viver com uma extensão de si, porém com uma individualidade própria, diferente da sua. É fantástico.
Sara - Sou grata a Deus por essa oportunidade de ser mãe. Desejo a todas as mães que os melhores sonhos que vocês possam sonhar para os seus filhos (as) se realizem.  Às mulheres que não podem ser mães e querem, desejo que o seu filho chegue em breve e não esqueça que há muitas crianças no mundo aguardando por uma mãe.
Camila - Tenho discutido muito sobre a necessidade de repensarmos o Dia das Mães...será que ele faz sentido? E as crianças que nunca tiveram mãe? E as que são "maltratadas" por suas mães? E as famílias que possuem dois pais ou dois homens? E as que possuem duas mães? Enfim...temos tantos modelos de família e exercemos tantos papéis na vida que penso que o dia das mães como é, não devia mais ser.  Penso muito o quanto o enquadramento deste dia nos aprisiona, molda e nos obriga a reconhecer que temos apenas um modelo de concepção e de representação feminina familiar válida.
Arlete - A maternidade me deu a oportunidade de sentir o amor de forma plena, me fez querer ser uma pessoa melhor a cada dia, porque hoje entendo que tenho o dever de dar o meu melhor, de ensiná-lo a ser uma pessoa de bom caráter e, principalmente, a ser uma pessoa feliz.

Fotos: Arquivo pessoal das servidoras Tâmara Monteiro, Sara Mamona e Arlete Santos/ Foto 3: Mariana Franco

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